Foi-se o tempo em que eu me arriscava em partidas de futebol no colégio. Digo me arriscava, pois nunca fui uma pessoa com muita habilidade com a bola. Se eu pudesse descrever a minha relação com a bola de futebol, com certeza diria que é algo como dois seres que nasceram para dar certo, que nada nem ninguém poderia atrapalhar. Tudo isso, mas ao contrário. Confesso: eu sempre fui um perna de pau.
Apesar de toda esta descrição um tanto bisonha a respeito da minha (falta de) habilidade com a pelota, nunca fui passado para trás nas conversas sobre futebol. Aliás, neste quesito eu sempre me orgulhei. Como um bom curioso em todos os aspectos da vida – e inclusive foi este um dos motivos pelos quais me tornei jornalista –, no que diz respeito à informação, nunca fiquei comendo mosca quando o papo era sobre futebol brasileiro e mundial.
A paixão pelo Club de Regatas Vasco da Gama talvez tenha desencadeado isso. Como um beduíno sedento por notícias e fã de jogos para computador como Elifoot e Championship Manager, sempre me mantive atualizado a respeito das últimas contratações, escalações de times e seleções dos mais diversos países, além dos títulos, inclusive de clubes rivais. Resumindo, alguns podem me considerar um nerd da bola.
Creio que o mais interessante no futebol é justamente isso: até mesmo aqueles que não têm intimidade com o jogo em sim, isto é, a forma de jogar, podem ser grandes conhecedores. Não quero dizer que é o meu caso, mas é possível dizer, sem medo de errar, que vários pernas de pau entendem muito mais do esporte bretão do que muito craque por aí.
Então, pernas de pau, não tenham vergonha. Não têm por que ter medo ou se desesperar. Há espaço para todos no mundo da bola, inclusive para mim.
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A coluna foi escrita por mim e publicada originalmente no link:
http://bolademeiafc.blogspot.com/2011/05/pernas-de-pau-tambem-amam-futebol.html