Após uma Copa das Confederações “nota 7.5” segundo a Fifa, a África do Sul ainda tem muito o que melhorar para receber a Copa do Mundo de 2010. Esta é a impressão do cinegrafista Jorge Ventura, de 65 anos, e que cobriu a competição pela TV Fuji, do Japão. Para ele, o exemplo sul-africano serve de alerta para o Brasil, já que considera os dois países no mesmo nível em termos de infraesturura.
Ventura esteve presente em cinco edições da Copa do Mundo: México (1986), Itália (1990), Estados Unidos (1994), Coreia do Sul/Japão (2002) e Alemanha (2006), além da Copa das Confederações de 2005, na própria Alemanha. O brasileiro também voltará à África no ano que vem.
A deficiência sul-africana nos transportes e em infraestrutura lembra a do Brasil, avalia o cinegrafista. Segundo ele, o país terá muito trabalho para se adequar aos padrões vistos nas Copas de 2002 e 2006. “Faltam cinco anos para 2014. É muito pouco tempo para tantas melhorias que precisam ser feitas”, afirma.
De acordo com o cinegrafista, que cobre a seleção brasileira para os japoneses, a dificuldade de locomoção na África do Sul foi geral. Até mesmo a imprensa não encontrou facilidades. Existem poucas opções de transporte público, e há, ainda, a polêmica em relação ao Bus Rapid Transit (BRT). Motoristas de vans, que dominam o transporte nas grandes cidades sul-africanas não estão nada satisfeitos com os planos de implantação de corredores de ônibus articulados. Até ameaças de morte foram feitas por líderes de sindicatos de transporte alternativo. Ventura, por exemplo, precisou alugar um carro, a melhor opção para ir de uma cidade para outra.
“Era cobrada uma quantia exorbitante por isso. A população local sabe dos problemas e isso foi refletido no aluguel do veículo”, comenta o brasileiro. Mas, ao mesmo tempo, ele conta que o custo de vida é barato na região, como por exemplo, gastos com hotel e alimentação.
Ventura notou que a África do Sul está toda em obras: estradas, trens e metrôs. Ao ser perguntado se crê que tudo ficará pronto até a Copa do Mundo, a resposta é rápida e sincera: “Tem que estar, não é mesmo?”.
O cinegrafista lembra que a Copa das Confederações é considerada um ensaio para a Copa do Mundo, e que, por conta disso, apresenta algumas diferenças. A maior parte dos torcedores que foram aos estádios em junho era composta de moradores locais, algo bem diferente do que acontece durante a principal competição de futebol, quando visitantes de toda parte do mundo comparecem aos jogos.
Ao comparar os transportes e locais de jogos da Alemanha, local sede da competição em 2006, Ventura vê um grande contraste: “Lá, tudo funcionava perfeitamente. Aqui na África do Sul ainda tem muito trabalho para ser feito, e dificilmente ficará parecido. O europeu é pontual e, o que se vê, é o estádio enchendo faltando poucos minutos para o início do jogo. Já no fim, todos vão embora sem confusão”, conclui.
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A matéria foi escrita por mim e está originalmente no seguinte endereço: http://www.transporteideias.com.br/2009/07/09/deficiencia-de-transporte-na-copa-das-confederacoes-serve-de-alerta-para-o-brasil/